sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Homenagem ao Bicentenário de Nascimento de Allan Kardec

Adilson Pugliese - 23/07/2005

A noite de 31 de dezembro de 1799, nas Esferas Superiores, teve, na história do planeta Terra, um significado especial.

Naquela data memorável, conforme relata o Espírito Humberto de Campos (Irmão X) (1), reuniu-se “no coração da latinidade” grande assembléia de Espíritos sábios e benevolentes, para assinalarem a chegada do século XIX.

Eram “antigas personalidades de Roma Imperial, pontífices e guerreiros das gálias (...), gregos ilustres, sábios chineses, filósofos hindus, teólogos budistas”. Ali se achavam Sócrates, Platão, Aristóteles, Agostinho, Fénelon, Giordano Bruno, Orígenes, Vicente de Paulo, Joana D’Arc e muitos outros “heróis e paladinos da renovação terrestre”. Presentes, também, Voltaire, Rousseau e um grupo de almas ainda encarnadas, tendo à frente, “com os seus trajes habituais e com o seu chapéu característico”, Napoleão Bonaparte (1769 - 1821).

Ante a expectativa de todos, um mensageiro celeste, “nimbado de claridade celestial”, é apresentado ao corso por uma voz enérgica e doce, que exclama para Napoleão: “Irmão e amigo, ouve a Verdade, que te fala em meu Espírito!

Eis-te à frente do apóstolo da fé que, sob a égide do Cristo, descerrará para a Terra atormentada um novo ciclo de conhecimento... (...) Rende o culto de tua veneração ante o pontífice da luz! (...) Renova, perante o Evangelho, o compromisso de auxiliar-lhe a obra renascente!...”. (grifamos)

Naquele momento, Napoleão, encarnado, era apresentado ao “apostolo que seria Allan Kardec”, o qual, “sustentando o futuro imperador da França nos braços, aconchegou-o de encontro ao peito e acompanhou-o, bondosamente, até religá-lo ao corpo de carne, no próprio leito”.

Aproximadamente cinco anos mais tarde, em 03 de outubro de 1804, o “mensageiro da renovação renasceria num abençoado lar de Lião” para começar “a preparação do terceiro milênio do Cristianismo na Terra”.

Consoante os registros da História, entre os anos de 18l4 e 1815, o Imperador, tendo convertido “celestes concessões em aventuras sanguinolentas”, perdia na batalha de Waterloo (1815) suas últimas esperanças e é “apressadamente sitiado, por determinação do Alto, na solidão curativa da Ilha de Santa Helena”. Simultaneamente, no mesmo período, o jovem Hippolyte Léon Denizard Rivail, aos 10 anos de idade, seguia para a Suíça, onde ingressava no Instituto Pestalozzi.(2)

O destino desses dois famosos homens, Napoleão I e Allan Kardec, embora entrelaçados por compromissos assumidos no Mundo Espiritual, em beneficio da Humanidade, teve rumos diferentes, tendo ambos definido as suas trajetórias consoante as características marcantes de suas personalidades.

Enquanto Napoleão “engalanou-se com a púrpura do mando, embriagado de poder”, proclamando-se imperador em 18 de maio de 1804, ordenando ao Papa Pio VII coroá-lo em Paris, Allan Kardec, “apagando a própria grandeza, na humildade de um mestre-escola, muita vez atormentado e desiludido, como simples homem do povo, deu integral cumprimento à divina missão que trazia à Terra, inaugurando a era espírita-cristã, que gradativamente será considerada em todos os quadrantes do orbe como a sublime renascença da luz para o mundo inteiro”.(3) (grifamos)

O Dr. Michael H. Hart, formado em Ciências Humanas pela Cornell University, em Direito e em Astronomia, escreveu, em 1978, o livro As 100 Maiores Personalidades da História: Uma classificação das pessoas que mais influenciaram a História.(4) Nessa respeitável obra, com 610 páginas, Napoleão Bonaparte, o célebre general e imperador francês, ocupa a 34ª colocação; Júlio César (100 a.C. - 44 a.C.) “famoso líder militar e político romano” obteve a 67ª posição e Alexandre, o Grande (356 a.C. - 323 a.C.) “o mais celebre conquistador do mundo antigo”, foi posicionado no 33ª lugar, antes de Napoleão, portanto.

Quais os vínculos que unem esses homens na Historia da Terra? Quais as características de suas personalidades, que justificaram as suas ações e pelas quais são lembrados? Recorramos às revelações do Mundo Espiritual.

Ficaram célebres as experiências do médico francês Jean Martin Charcot (1825 - 1893), no século XIX, com a sensitiva ALCINA, no asilo Salpetrière em Paris. Numa reunião que contou com a presença de psiquiatras e professores universitários, o mestre francês Mathias Duval, ante os fenômenos paranormais produzidos pela médium, sugere que seja evocado o Espírito de Platão, “que nos dirá algo sobre a semelhança entre Alexandre, César e Napoleão”.

O Espírito do célebre discípulo de Sócrates, comunicando-se através de Alcina, tomando do giz, escreve, em grego, no quadro exposto na sala da experiência:

“Observei que, fisicamente, esses três homens se parecem: estatura mediana, temperamento nervoso e exagerado, paixões inferiores, vivacidade, soberba, talento extraordinário, tez morena, cabelos negros, mãos finas, expressão fácil, sem verbosidade, eloqüência claríssima, resoluções firmes, atividade inesgotável, etc. Todas essas condições lhes foram comuns; suas obras de guerreiros e conquistadores, idênticas; a ambição, única e igualmente arrebatadora: a dominação do mundo. Essa trindade teve uma única alma: foi Alexandre, foi César, foi Napoleão!” (5)

O Dr. Michael Hart, que em sua obra coloca Jesus como a terceira maior personalidade da História, logo depois de Maomé (1º) e Isaac Newton (2º) não cita Allan Kardec. Nem entre as “menções honrosas”, nem entre os casos de “ausências interessantes”. Na Introdução, o biógrafo destaca que a classificação reflete suas próprias opiniões e que recebeu muitas objeções após a publicação da 1ª edição do livro, em 1978, tendo feito inclusões e exclusões.

Lendo as biografias selecionadas, de uma centena de personagens históricas influentes, muitas delas presentes na histórica reunião espiritual de 31 de dezembro de 1799, e que deixaram suas marcas de prestígio, fama, talento, versatilidade, nobreza de caráter, etc., deixamo-nos envolver pela sugestão do Dr. Hart, ao recomendar ao leitor “compor a sua própria lista” de personagens.

Estimulado, assim, pela oportunidade, rogando vênia ao erudito escritor americano, incluo, então, na lista de homens e mulheres notáveis, o venerável nome de ALLAN KARDEC, sem classificá-lo, contudo, porque seu posicionamento na História foi definido por todos os espíritas do mundo, ao qualificá-lo no ensejo das comemorações do bicentenário do seu nascimento como “O Edificador de uma Nova Era para a regeneração da Humanidade”.

E coloco, no topo do elenco, JESUS, indiscutivelmente a maior personalidade da História, em todos os tempos.

Fonte: website O Espiritismo

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